A gente sempre escolhe pensar no que não existe. Sempre deseja o que é quase que em sua maioria impossível. Nós sempre queremos pensar no cara dos nossos sonhos, o que vai nos apoiar, nos dar carinho e amar para sempre. Tudo bem, é realmente lindo. Mas não é bem assim que funciona na prática. A teoria é sempre mais atraente!
Você o conhece e de cara se apaixona. Seu jeito de brincar e a intensidade de seu sorriso te faz imaginar que dessa vez é pra valer. É aí então que você começa a criar uma pessoa em sua mente.
Você mal sabe da vida dele, não sabe o que ele faz, os locais que frequenta. Não sabe o nome dos pais dele e muito menos o que ele espera do futuro. Mas nada disso te importa. Afinal, neste momento ele já se tornou o cara encantador dos seus sonhos.
Em nenhum momento ele teve a chance de te mostrar uma imagem pessoal, você só enxergava o que queria, o idealizava a cada instante.
Você o transformava no seu príncipe, o seu refúgio. Será que diante de todo o encanto você alguma vez percebeu os calos em suas mãos? Você percebeu o jeito desengonçado como ele andava? Ou você só o transformou em um personagem de sua história. Sem ao menos perguntar se ele queria brincar de ser famoso.
Não, você não foi enganada. Ele não mentiu, foi você que não quis ver.
No começo, era tudo lindo, você não se importava com muita coisa e não queria saber as manias e a forma como ele costumava encarar a vida. Você o prendeu em uma bolha, e o dia em que ele finalmente saiu, você disse a ele que não o conhecia.
Diante de um mar de palavras, as lágrimas. E enquanto elas escorriam, sua boca falava daquilo que para ele era completamente desconhecido.
Você sempre achou lindo o jeitinho dele quando sorria, mas nunca reparou que era um sorriso torto. Sempre ficou feliz por saber que ele se enciumava por sua causa, mas nunca reparou que ele se roia por dentro por não poder mudar aquilo. Você sempre insinuou partir amanhã, e jamais imaginou o quanto isso o magoaria.
Você sempre o fez sofrer, e ele só te fez sorrir.
Ele não era lindo, não tinha qualidades inigualáveis, mas estas, você mesmo inventava.
Imagine então quando você descobrisse a verdade. Sim, seria um choque, e foi.
Você sentou no chão e apoiou a cabeça nos braços que envolviam as pernas. Lágrimas escorriam em seu rosto. Você descobriu que não mais o queria, que aquilo que você chamava de amor acabou. E quando ele chega perto de você e tenta tocá-la, você sente suas mãos a arranhando, se contorce ao pensar que seu carinho sempre foi assim.
Ele tenta sorrir mas só o que você repara são seus lábios tortos. Ele anda e você odeia o que vê. Sente pavor, medo.
Ele devia sentir nojo de você. Mas não, aquele homem que não era o dos seus sonhos a amava.
Ele podia até dormir antes de você quando estavam na cama. Ele podia não te dar tanto carinho enquanto faziam amor. Podia desarrumar seus cabelos quando o acariciava. E até mesmo arranhar o seu rosto com a sua barba por fazer. Mas era esse, e somente esse que a amava.
Ele pensava em você quando olhava para outras mulheres, sorria quando via você chegar. Ele achava lindo seu jeitinho meigo e carinhoso. Mas ele não podia ser assim. Não porque não queria, mas porque não sabia ser.
Ele era ogro, nasceu ogro e cresceu ogro. Nas histórias sempre era o lobo mau, porque beleza não tinha para ser o príncipe, e nem ternura para acariciar a princesa. Mas ele a queria, e como queria.
Ele a amava, a respeitava. Ele faria qualquer coisa por você. E você?
Você o considerava um idiota, porque o que ele tinha de melhor você não foi capaz de reparar. Ele tinha o amor, aquilo que você sempre disse procurar. Enquanto na verdade, nunca realmente lhe importou.
Você queria a pose, o status e não o homem.
E embora você não reparasse ele não era só mais um mero idiota!
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