Eu era nova naquela escola, e me sentia tão sozinha quanto meu tênis se sentia sujo.
Não entendia porque as pessoas não gostavam tanto de mim, e nem porque com o passar dos dias não consegui amigos, eu percebia que as pessoas só me cumprimentavam porque eu estava no caminho. Os professores só me respondiam porque era preciso. Talvez fosse o meu jeito diferente, talvez não.
Eu não era bem aquela menina que adorava maquiagens, nem que adorava cor de rosa, e apesar de gostar de meninos, não atraia nenhum deles, a não ser quando precisavam de mim.
Certo dia, eu estava lendo no pátio da escola, quando vi um aluno novo chegar, logo percebi que ele não estudava ali, pela sua beleza todos teriam percebido antes.Com ele vinha um outro, não tão bonito, nem tão charmoso, mas um tanto quanto simpático.
Caminhei até minha casa lembrando do rosto daquele menino, tão bonito, como um anjo.Não parei de pensar em sua beleza, era realmente sem educação algumas pessoas serem tão lindas.
No dia seguinte, assim que cheguei, logo avistei aquele sorriso encantador, lindo eu pensei.
Nunca havia me apaixonado, achava isso coisa de gente cega, o amor não me parecia tão bondoso.E foi assim que começou minha paixão por ele, o menino popular da sala ao lado.
Eu sempre lhe lançava olhares, mas parecia que ele nem me enxergava, e eu não enxergava mais ninguém, além dele, além daquele lindo sorriso.
Sempre me disseram que eu era uma menina esquisita, usava aparelho, nunca fui tão magra quanto a maioria das meninas do colegial, andava com o meu tênis sujo e não usava maquiagens.Por não ter amigos, sempre vagava sozinha, como uma sombra pela escola.
Não sei porque, mas quando coloquei aquele menino na minha cabeça, não tive mais como tirar.
Mais de um mês se passou, e o inevitável aconteceu, vi o meu menino de sorriso encantador chegando, só que dessa vez quem o acompanhava não era aquele menino simpático, e sim uma bela menina, cabelos lisos, rosto impecável e magra !
Ninguém poderia imaginar quanto me feriu ver os dois de mãos dadas, trocando carinhos públicos, eu jamais seria suficiente para ele, não me passava de uma menina com tênis sujo.
Corri o mais rápido que eu pude para perto dos armários, mas não aguentei chegar lá, cai sentada no chão, com os olhos embaçados pelas lágrimas que só então percebi que escorriam pelo meu rosto.Não me lembro quanto tempo ao certo fiquei ali, sozinha, chorando. Sentia uma dor tão grande, nem podia me levantar.Não era fácil a dor de não ser correspondida.Pensei que tudo se acabara ali, foi aí então, que alguma mão me puxou pelos braços, não conseguia ver o rosto dele por conta das minhas lágrimas, mas ai então, ele me abraçou, de começo pensei em me afastar, mas o seu carinho não me permitiu, me afagou e me colocou colada ao seu peito, e sem perguntar, me deixou chorar.
Não sabia ele que eu já não mais chorava pela minha dor, chorava porque pela primeira vez, senti que eu não era para alguém, somente a menina do tênis sujo.
Ele logo saiu, e as lágrimas não me permitiram ver seu rosto, não sei de quem era aquele rosto, mas eu continuo o procurando, porque aqueles braços que eu desconheço, me deram o melhor abraço que eu poderia receber, o mais sincero !
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